quinta-feira, 24 de setembro de 2015

O número - o desafio

Ontem, em conversa com o inefável começámos a contar as pilas que já nos passaram pelas mãos. Eu confesso que até fiquei corado com o meu número e tenho medo de haver ainda alguma que me esteja a escapar.
Achei piada ao exercício porque, apesar de pensar, por razões óbvias, que não se deve ter uma contagem ou fazer listas com as pessoas com quem já dormimos (com a quantidade de pessoas com quem já DORMI essa contagem já está perdida), a verdade é que, muitas ou poucas, o primeiro número que dizemos não vai estar certo (tá, se for só um...), há sempre uma (ou mais outra) que nos escapa. E quanto maior for o número das quais automaticamente nos lembramos maior também será o número daquelas que nos esquecemos. A não ser que tenham uma listagem atrás da cama ou vivam a vossa vida em função do número de pessoas a quem já tocaram no berimbau para algum divertimento...
Não, não vou revelar o meu número ou pedir que revelem o vosso, isso não importa nada ou quer dizer o que quer que seja. Mas, se estiverem sem nada para fazer (ou sem vontade de escrever a tese), pensem nisso e tentem lá acertar no número: quantas pilas já vos passaram pelas mãos? E depois pensem seriamente a ver se o número se mantém. 


P. S.: se se lembrarem do primeiro e ultimo nome de toda a gente, sem ir ao facebook, ganham um prémio. 

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Ser gaja...

... Tem as suas vantagens. 
Estava eu na fila da cantina e agarro no último pudim. A moça que está ao meu lado faz um "OoOOOooOohhh", assim como quem está desiludida porque lhe roubam o pudim que ela queria desde o início da fila. Eu, como boa pessoa que sou e cavalheiro, dei-lhe o pudim e agarrei numa gelatina, a única outra sobremesa disponível. 
Como é óbvio se fosse eu a fazer um <<"OoOOOooOohhh", assim como quem está desiludida porque lhe roubam o pudim que ela queria desde o início da fila.>> o tipo que estaria ao meu lado só olharia para mim com o ar mais estranho e confuso do mundo, pensaria como sou weirdo e gozaria comigo quando chegasse à mesa com os seus amigos...
A moça ainda me perguntou no final da fila em inglês, é estrangeira, se eu gostava de pudim. Não, só agarrei no pudim porque, não gostando, queria destruir as possibilidades de quem gosta de comer pudim.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

First World Gay Problems

Toda a gente conhece aquela mítica cena em que se vê um quarto, já iluminado pela luz límpida e cristalina da manhã, e uma moça,  após uma noite de amor (ao fim do terceiro encontro) com um homem (super jeitoso) que virá a ser o seu "home" (claro), a entrar no quarto trajando nada mais que a, não menos mítica, camisa do dito cujo. 
Claro que a cena nos mostra umas pernas sexy debaixo da camisa dando a entender que a moça, que encontrou o seu home, não usa mais nada por debaixo.
Até poderia não ter existido uma cena anterior. Poderia iniciar-se assim qualquer narrativa e nós saberíamos que tinham feito o amor. E, bolas, como ela é sexy e obviamente que o dito cujo não quer outra mulher, não quer mais nada senão possuí-la e escalabrá-la ou barlaitá-la (como preferirem) ad eternum
Mas e nós!? Gays deste mundo. Que nos adienta vestir a camisa do homem e entrar no quarto já iluminado pela luz límpida e cristalina da manhã? 
O mais provável é o dito cujo, i. e., o tal homem jeitoso que escalabrámos ou deixámos (nos) escalabrar (ou ambos), ao fim do terceiro encontro, e que virá a ser o nosso "home", já nos ter visto de camisa. Se não viu já devia ter visto. Quer dizer, não é o terceiro encontro com alguém e vocês ainda não levaram uma camisa para parecerem todos janotas. Por conseguinte, o impacto já não é tão eficaz. 
De seguida, por muito sexy que sejam as pernas masculinas (e os rabos!), parece que falta sempre ali qualquer coisa na cena, não tem tanto charme, o toque de je ne sais quoi. (No fundo, o facto de aquela peça ser tradicionalmente masculina e existir ali a ideia de transgressão e de que a tipa é uma grande e sexy maluca).
Por fim, de que nos adienta a nós dar a entender que não existe mais nada por debaixo daquela camisa quando, ao usá-la, se percebe perfeitamenrte uma, chamar-lhe-ei para efeitos desta narrativa, "trombinha" a espreitar por debaixo da camisa? Não há o "dar a entender". Está ali. E, convenhamos, não é necessariamente a coisa mais sexy. Especialmente depois de se ter percepcionado a "trombinha" em todo o seu esplendor...

domingo, 13 de setembro de 2015

O Grinde

Eu cá não sei. Mas se calhar sou eu que faço algo de errado. Este nunca mais falou comigo:



Vá-se lá perceber o porquê, sou encantador.

sábado, 5 de setembro de 2015

A mariquita e o call center

Eu, fraco, me confesso: estou a pensar muito seriamente em sair mais depressa do call center do que entrei. 
Eu sei que não posso mudar o mundo. Eu sei que a culpa não é minha. Eu sei que faço apenas o que me mandam e que não vale a pena stressar. Eu sei que as pessoas até podem não ficar com uma má impressão minha, mas sim da empresa. Mas a verdade é que já chorei por causa desta merda, mais do que uma vez. E se há coisa que eu não faço é chorar, fico feio.
Eu sei que não tenho de me preocupar, não me pagam para isso. Mas a verdade é que me custa imenso, sinto que estou a dar o meu nome e a minha voz para enganar pessoas. Deito-me a pensar nas pessoas e acordo a pensar nelas. Sinto-me stressado durante aquelas horas, uma tortura. Quero trabalhar, trabalhar a sério. Fazer as coisas como devem ser. Não quero andar a entupir um call center com trabalho desnecessário e clientes descontentes porque é tudo normal, não podemos mudar as coisas e depois habituamo-nos. Não me quero habituar. Custa-me imenso abandonar aquilo porque sinto que é uma falha. Que estou a falhar porque não aguentei trabalhar, na merda (pardon my french) daquele trabalho. É um trabalho num call center e acho que vou desistir daquilo e dedicar-me à tese que isso é que faço bem. 
Ainda ouvi nos meus primeiros dias, quando disse à supervisora que nunca tinha trabalhado em call center: " a sério? Olha que não parece". Sinceramente, não me soou a elogio. 
E eu que quando era miúdo queria era crescer e ser feliz.