Eu me confesso, sou a pessoa mais desconfiada exagerada e sei lá mais o quê à face desta terra. Mas o seguro morreu de velho e mais vale prevenir do que remediar.
Estava á espera que ele chegasse a casa para podermos falar e combinarmos melhor as coisas para nos encontrarmos. E à hora marcada ele aparece na net. Começámos a falar e ele diz me que está doente, pronto imaginei logo o drama e o horror e que ele não se queria era encontrar comigo. Mas ele queria, e perguntou-me se eu podia ir ter a casa dele, porque visto que se sentia mal era incomodo sair de casa e ir ter comigo a qualquer sitio...
Pessoa desconfiada e exagerada aqui, lembram-se?
Eu só pensei, o quê? Ir ter assim, sem mais nem menos, a casa de alguém com quem ainda não estive ao vivo que tanto quanto sei me pode querer tirar um rim, dar-me uma sova no meio da rua com um grupo de gandis, ou assaltar-me... Bem, mais conversa pelo meio, uma pseudo-discussão e lá me encontrava eu no metro a caminho do local de encontro: uma rua perto da casa dele. Fui porque é uma zona segura e já lá tinha ido antes e sabia que qualquer coisa fugia como o grande ninja que sou a gritar a plenos pulmões (Aulas de defesa pessoal? Por favor *eyes rolling*. Para quê? Uma vez recuperei o telemóvel e foi por ter feito um escândalo no meio da rua, não foi por ter agredido o moço. Aulas de teatro sim, valem a pena...) A ideia era dizer-lhe quando saísse do metro e quando me encontrasse na rua para nos podermos encontrar.
Agora aprendam comigo, armei-me em ninja e em vez de ir directamente para a terceira rua (a rua do local do encontro) penso *não te vais enfiar assim na rua ainda tens um gang todo vestido de preto para te darem uma sova* (sim, eu devo ser assim muito importante...), vou pela segunda rua, pelas sombras e em modo silencioso, e dou a volta ao quarteirão e vejo que as únicas pessoas na rua eram duas senhoras, que conversavam, e um grupo de pessoas a falarem à entrada de um café. Okay, caminho livre, qualquer coisa armo-me em lutador de wrestling (
menina e começo a gritar), as pessoas que estão na rua devem pelo menos vir ver o que se passa e ajudam a defender uma criatura indefesa que sou eu, isso ou aparece aqui a minha mãe com os super poderes dela atribuídos pelo facto de ser mãe (todos sabemos que as nossas mães os têm) e dá aqui uma surra a quem me quiser fazer mal.
Pronto, volto a subir a rua e dirijo-me até ao local marcado e ligo-lhe para dizer que já me encontrava lá. Vi um rapaz e apercebi-me de que era ele, ele olhou para mim e passei a rua para ir ter com ele, um "olá" trocado timidamente e um aperto de mão *this feels weird* a começámos a falar e a andar. Que criatura alta, e eu digo uma das minhas maravilhosas frases de primeiros encontros que correm sempre bem e digo "Credo, não tens mais nada para crescer?". A sério *facepalm*, eu tenho de parar de dizer coisas deste género e aprender a estar calado, eu juro que perguntei sem malícia (ou então o meu inconsciente já estava a colocar a minha dirty mind a trabalhar) enfim, awkward moment passado, e continuamos a falar. Ele é como eu, estava também nervoso, não nos ouvíamos um ao outro muito bem e enrolávamos as palavras a falar... Confesso que gostei/gosto muito dele, é mesmo querido e boa pessoa como demonstrava ser por todas as nossas conversas. Estamos como estávamos, a falar um com um outro normalmente e a ver no que isto dá, pode vir a dar, se é que pode vir a dar alguma coisa. Eu confesso que gostava muito que desse, mas não sei, algo me diz que não irá acontecer, seria demasiada sorte para mim... Mas pronto, esperar para ver.
Há coisas piores na vida e ir ao encontro de um gang que nos quer assaltar, dar uma sova e tirar um rim à garfada seria certamente uma delas. Mas se eu soubesse o que sei hoje, já me tinha encontrado com ele.
P.S. Quero lembrar a toda a gente, que é necessário muito cuidado com isto dos encontros com pessoas que conhecemos pela net. Todos nós já ouvimos notícias e lembrem-se que por muito que tenhamos falado com as pessoas com quem nos pretendemos encontrar nunca sabemos realmente. Eu fui porque, e como cada um sabe da sua situação, sabia que qualquer coisa tinha sempre uma alternativa, avisei um amigo para onde ia e armei-me em ninja para verificar tudo. Felizmente correu tudo optimamente bem, e como dizemos "Ainda bem que fui" e que ele é mesmo uma óptima pessoa, felizmente.
E agora, wish me/us luck...
E ainda bem que continua a haver boas pessoas no mundo.