Este blog anda uma passivona.
Sinto que lhe falta um toque de
je ne sais quoi que já teve algures e perdeu.
Este blog nasceu da necessidade de partilhar a minha face gay. Sou de uma aldeia, aceitei a minha orientação sexual muito facilmente e, tarde, partilhei com alguém ao vivo. E só contei por ter namorado na altura. Estava em Lisboa e não queria ter de arranjar uma desculpa sempre que saia de casa. A minha amiga de infância ficou então a saber, ainda que eu soubesse que não é a melhor pessoa para partilhar este, que ainda é, um "segredo".
Entre esta aceitação e o período de ter alguém com quem partilhar as minhas histórias, esta minha face, nasceu este blog. Resultado também da REA, de leituras que fiz a vários blogs de autores homossexuais e que partilhavam as suas histórias de felicidade, companheirismo afectivo e efectivo com uma outra pessoa, e das várias pessoas com quem entrei em contacto graças a estes dois factores, sempre tive sorte com elas. Basicamente, deram-me provas concretas de que não era tudo só p*tedo no "mundo gay" e que é tudo uma questão de pessoas e não de orientação sexual, como pensava e acreditava na altura, e ainda acredito.
O tempo passou e encontrei as "minhas Cristinas". E já tenho alguém com quem partilhar à vontade esta face e as minhas histórias. E a necessidade de a partilhar aqui esmorece um pouco. Há também o facto de achar que não tenho nada de especial, com grande sentido, para partilhar aqui. Mas, pensando bem, não é verdade. Tenho imensas coisas, que pelos motivos atrás parecem não ser interessantes, para partilhar. E isto é bom. significa que tenho gente boa à minha volta. Mas eu adoro este "mundo de bloggers" e não consigo, nem quero, deixá-lo. Quero levar este blog a bom porto.
Há também um outro factor, o de me terem pedido para retirar um texto porque falava da vida dessa pessoa. Tem o direito, mas a verdade é que o texto não revelava nada e era um ditado de factos e interpretaçoes que ocorreram na minha vida. E a minha vida engloba a de outras pessoas. Mas fiquei com medo, isto é, desagradou-me o pedido.
Penso também que escrever e partilhar aqui é escrever algo que vai bater na vida das outras pessoas, ainda que sejam histórias que me aconteçam. Mas com este segundo pensamento presente na minha mente, com este pedido, parece que ando aqui a dizer as coisas sem dizer realmente nada.
Não é o objectivo do blog nem nunca foi.
Comecei este blog e pensei: "Vou dizer as coisas, mesmo que alguém possa não gostar, vou ser sincero. Procurarei não ofender ninguém lembrado que é a minha interpretação das coisas, a maneira como eu as vejo e sinto". Mas aquele pedido esmoreceu-me. E não partilho a(s) história(s) que seria(m) interessantes para o blog porque penso: "E se a pessoa que ler não gostar de que eu tenha escrito x ou y e depois cortar relações comigo no fim de eu a conhecer, e ela a mim, e de eu mostrar o meu blog?", "E agora que conheço alguns bloggers, se as pessoas que acompanham o meu blog não gostarem do que eu partilho, não gostarem de mim?" Afinal, estas pessoas também já fazem parte da minha vida, felizmente.
Há que ter amor próprio. E se alguém tiver de gostar de mim gostará por tudo, inclusive este blog de que me orgulho, ainda que agora seja um blog passivo, que perdeu o tal toque. Acho que reflecte o que se passa em alguns campos (faces) da minha vida, ando uma passivona.
Portanto, vou tentar recuperar o tal toque. Tornar este blog de novo especial, dinâmico, divertido, não sei. Recuperar o tal toque que acredito que já teve. Estou a pensar começar com uma mudança de visual, mas os velhos hábitos são difíceis de perder e gosto dele assim. Simples, clean. Logo se vê.
Venho só afixar a nota de que prometo a mim mesmo que este blog melhorará e a vocês. Devo-lhe muito, devo conhecer cada um de vocês, alguns ao vivo inclusive e considero-os meus amigos com quem também partilho esta face sem ser virtualmente e apenas por intermédio deste blog. A todos vós, um grande obrigado. E devo, por tudo, uma parte daquilo que sou e faz de mim hoje.