Na hora da despedida"
Lá diz a canção e não posso deixar de pensar isto sempre que estou a deixar Coimbra. Não que não goste da Cidade, mas dadas as circunstâncias assim é. E não, não é encanto de saudade pela Cidade ao deixá-la para trás, é mesmo encanto de me estar a ir embora. A primeira vez foi há dois anos, aquando a primeira operação da minha mãe. Tinha acordado bem e estava animada no carro (até reconheceu o ginecologista dela a atravessar a passadeira - isto saída do recobro à relativamente uma hora, ainda meio "arrelampada" ao meu lado, nos lugares traseiros do carro).
Hoje lá voltámos a Coimbra para operação igual, mas, ao contrário da outra vez, não foi operada.
O médico dela não pode ver os exames que ela tinha e foi aconselhada a mostrá-los hoje à médica. Mostra os exames à enfermeira e esta diz-lhe que tem de chamar a médica de forma a esta decidir se opera ou não a minha mãe. Senti a minha mãe nervosa, apreensiva, apesar de me oferecer um meio sorriso e uma língua meia de fora. Médica chega, Ricardo atrás da mãe para o consultório de forma a poder ouvir. Enfermeira diz para esperar lá fora. Um "Okay" desanimado, médica diz que por ela não tem mal. Lá vou eu. Operação adiada por um mês e entretanto terá de realizar um exame nas consultas externas...
A ver, a ver. Apesar de tudo não é nada demais. São exames. Mas percebo que isto a desgasta. Tento acalmar dizendo que os exames são relativos a coisas diferentes e, no fundo, não querem dizer nada.
Hoje, mais uma vez, quando saíamos da cidade, atravesso o Mondego e lá me lembro da canção "
Coimbra tem mais encanto na hora da despedida".
Com as visitas que prevejo se calhar tenho de procurar encanto na hora da chegada... Mas hoje nem o gaiato aprendiz de médico ou enfermeiro giro que lá andava me animou.
Não que esteja em baixo, triste ou preocupado. Mas só espero que estas coisas passem em bem.
Será que "cada um tem o que merece" apenas funciona para as más pessoas? As boas não têm direito àquilo que merecem?